Na história das grandes figuras arcuenses no domínio do fado canção, não se encontra qualquer figura que se tivesse distinguido nesse domínio, embora tenha conhecimento que D. Maria Alice da Conceição se tornou famosa porque, ao vencer um concurso na Sé do Porto destinado a jovens que mostrassem qualidades para cantar o fado. Após ter vencido esse concurso foi de imediato convidada para actuar nas melhores casas de fado de Lisboa, onde se tornou figura de relevo no meio fadista da capital e do país.
Tive ocasião de a ver actuar várias vezes e depois dos espectáculos apresentava-se como um verdadeiro modelo pela forma como se vestia, senpre de preto, ou seja um verdadeiro manequim.
Ao longo da minha vida nunca poderei esquecer que estando a ler o jornal na Farmácia da Aspra, alguém me chamou a atenção para uma senhora que saíra da camioneta que fazia transportes para Monção e seguira a pé pela estrada nacional 101 a caminho da Capela de Nossa Senhora da Luz. Era de facto uma mulher bela e deslumbrante à qual aliava um chale preto e um andar lento como que esperava por alguém.
Como jovem que apreciava as raparigas bonitas, vi logo que era a Alice Maria (nome artístico) e durante mais de uma hora conversamos e convidei-a a vir à mercearia de meu irmão que tocava muito bem guitarra. Dias depois lá compareceu, e todos quantos ali estavam, ficaram perplexos ao ouvir aquela diva do fado. Dias depois regressou a Lisboa e nunca mais a vi, embora tivesse notícias dela através do Ovídio de Sousa, natural de Sabadim, que era porteiro precisamente da casa de fados onde a Alice Maria actuava.
A sua presença na televisão era constante e ainda há poucos anos entrou num programa de fadistas já idosos, organizado pelo fadista João Braga. A Maria Alice pertence à família dos Bandeiras do Couto, convivia muito com o saudoso António Mendes Ferreira, seu padrinho de baptismo, e com a família do António da Senhorinha, seus parentes e amigos, residentes que foram no lugar do Monte, perto da referida capela de Nossa Senhora da Luz, em Sabadim, onde frequentemente vinha passar férias.
Recordá-la é recordar o fado com que ela nos deslumbrava em sessões particulares, quando acompanhada à guitarra por quem sabia do ofício. Depois regressou a Lisboa e nunca mais a vi, até porque me ausentei para
Moçambique durante 15 anos. Soube mais tarde que tinha casado com um oficial do exército e desse casamento nascera uma menina.
Hoje já tem como substituto um jovem nascido em Arcos de Valdevez e já considerado um dos melhores fadistas do país. Trata-se de Marcos Rodrigues um jovem que ainda há dias actuou no auditório da Casa das Artes, nesta vila.
Embora encontrasse na internet uma foto da Alice Maria ainda jovem, não a usei porque as fotos dos grandes artistas, geralmente, têm direitos de autor e não queria correr o risco de a usar sem sua autorização. Para suprir essa falta, usei a foto anexa que foi extraída de um cartão fornecido pelo Restaurante Típico
Luso aquando de uma visita que ali fiz, integrado na Universidade do Saber.