
Dr. Carlos Rodrigues da Cunha, nasceu na freguesia de Prozelo, concelho de Arcos de Valdevez a 13 de Outubro de 1919 e faleceu a 19 de Dezembro de 1993. Era casado D. Anita de Carvalho, filha do Inspector Carvalho. Foi professor no Externato Arcuense, catedrático na Universidade de Sorbonne, em Paris, na Universidade Moderna, na cidade do Porto e noutras universidades no Rio de Janeiro.
Publicou diversas obras como “Pegadas de Sangue”; “Porque é que os gritos são Vermelhos”; “Cesário, Poeta Moderno”; “Porque a Lua se Quebrou”; e “Os Silêncios de Euridice”.
Foi adjunto do presidente da Câmara de Arcos de Valdevez para a área da Cultura.
O Dr. Carlos Cunha passou a vida a defender o marxismo e a propagá-lo junto dos alunos a quem dava explicações até que um dia foi preso pela PIDE, só que pouco antes da Revolução de Abril tinha optado por aderir ao regime do Estado Novo, perdendo assim a oportunidade de lhe ser reconhecida a luta que travou contra a ditadura durante quase toda a sua vida.
O Dr. Carlos Rodrigues da Cunha era um verdadeiro intelectual. Ouvi-lo era uma lição que nos ficava na memória para sempre, embora muitas das vezes fosse imperceptível para quem tinha dificuldades em assimilar os seus dotes de inteligência e intelectualidade, no entanto desconhecia pequenos pormenores da vida do dia a dia, como por exemplo levantar dinheiro da sua própria conta bancária e deixava-se ludibriar por amigos de ocasião. Faleceu quase de repente. O seu funeral foi um acontecimento invulgar dado o número de pessoas amigas que se deslocaram ao cemitério municipal. O Dr. António Cacho antes que o corpo descesse à terra, fez a elogio fúnebre terminando-o com as seguintes palavras:
“Mas a morte, que arrebata tudo, não arrebatará o canto do poeta”. Morreu um professor competentíssimo do verbo fácil, espontâneo, sempre prodigalizando aos seus alunos o tesouro da sua enorme e profunda sapiência. E, para remate, só me parece dizer, neste pesado momento de angustiada tristeza, mais uma palavra – a derradeira – orvalhada por duas lágrimas tão cálidas como irreprimíveis, choradas pelo nosso coração – uma dor, a outra de saudade; Adeus”
O falecido foi elogiado por Fernando Namora e o seu nome encontra-se perpetuado na toponímia local, mais propriamente na rua frente à Casa das Artes.