O Dr. António Maria do Carmo Pereira Júnior é a quarta figura que consta deste livro que não é natural de Arcos de Valdevez, mas a este concelho pestrou relevantes serviços como vice-Presidente da Câmara Municipal, director técnico da Farmácia Central, ao ex-Clube Atlético de Valdevez, à Santa Casa da Misericórdia, à Casa do Povo de Soajo, à G.N.R., à P.S.P., como perito médico legal do Tri bunal Judicial deste concelho e a quase toda a população de Arcos de Valdevez. Nasceu em Santa Maria Maior, Viana do Castelo, no dia 19 de Março de 1917 e fixou-se logo em Arcos de Valdevez, onde veio a falecer em 1992, com 75 anos de idade.
Aqueles que conheceram o Dr. Carmo Pereira sabem que era um médico que socorria um doente a qualquer hora do dia ou da noite, palmilhando caminhos intransitáveis e montes agrestes para, se possível, salvar uma vida a um doente. Foi médico de toda a minha família e nunca cobrou os seus honorários, porque mantinha grandeamizade com meu pai Luís de Brito Rocha Lima e com o Dr. Armando de Araújo Azevedo Amorim, tio de minha mulher. Era uma prazer conversar com o Dr. Carmo Pereira já que acompanhava sempre as suas histórias com uma sonora gargalhada.
Recordo que um dia observou um doente que havia ido ao seu consultório a fim de saber qual era o mal que o apoquentava. O Dr. Carmo no fim da consulta perguntou-lhe como se chamava seu pai. O doente depois de responder à pergunta que lhe havia sido feita, adiantou que o pai já tinha falecido há anos.
O Dr. Carmo consultou o ficheiro dos seus doentes e depois deler a ficha do pai do paciente disse:
– Olhe que o seu pai quando entrou por aquela porta já vinha morto! O Dr. Carmo Pereira era um homem que conhecia quase toda a gente do concelho porque foram seus doentes.
Era genro do Dr. Tomaz Norton de Matos, família muito conhecida em todo o país. Do seu casamento com D. Aninhas Norton, nasceram 4 filhos: Maria, falecida muito nova, Tomás, falecido há cerca de um ano e ainda vivos o António e o Fernando. O António tornou-se um dos melhores cirurgiões vasculares do país e o Fernando dedicou-se ao jornalismo, onde ocupa lugar de destaque. Foi o Fernando que escreveu um livro com título “Um médico, muitas vidas”, dedicado a seu pai, o qual foi apresentado há poucos anos na Casa das Artes de Arcos de Valdevez.