
António Dias Gonçalves vivia na sua casa nesta vila e contava 77 anos de idade quando faleceu.
Da sua história conta-se que foi um republicano, livre-pensador e propagandista da República, para cujo fim colaborou com os nobres republicanos da velha guarda, Elias Garcia e Dr. António José de Almeida, Presidente da República, e outros.
Coberto com a Bandeira Nacional que ele sempre amou de todo o coração, foi transportado pela carreta dos Bombeiros Voluntários para o jazigo da família, em S. Bento, incorporando-se no cortejo fúnebre um grande número de cidadãos de todas as classes sociais do concelho e não só.
Foi de facto uma homenagem que não desmereceu perante o que lhe era devido à memória do velho e firme republicano que foi Dias Gonçalves em vida e um testemunho evidente de quanto o saudoso extinto era considerado e respeitado em todo o concelho.
Já em pleno cemitério usaram da palavra o Dr. Celestino Pinto da Cunha, “Enalteceu as virtudes do falecido e a sua apaixonada fé na Republicana, fazendo votos para que, na grave hora politica que a Republica atravessa, todos os que se dizem republicanos lhe seguissem o seu nobre exemplo de fé, tenacidade e constância”. Como se vê neste altura a Republica atravessava um grave crise política! Seguidamente usou da palavra o Dr. Germano Amorim, que bastante comovido, “Apresentou, com o maior realce, as qualidades que o distinguiam, quer em vida quer depois da morte, pondo em evidência o seu carácter e o seu acentuado amor pela causa da República, pois desde longos anos, em todas as ocasiões e lugares em que fosse preciso defender as suas prorrogativas e promover o seu engrandecimento o seu concurso era sempre pronto”. Não faço ideia a que família pertencia este militante republicano, mas acredito que fosse um daqueles que, sem se evidenciaram, estão sempre prontos para defender a causa pública e a ideologia política porque optaram.