Natural deste concelho e residente na sua casa da Praça Municipal, o padre José Pereira Rodrigues da Silva, faleceu no dia 7 de Março de 1933, com 80 anos de idade.
O seu nome que se devia pronunciar como que rezando, era a alma de um religioso alheado de interesses mesquinhos, de ambições ilegítimas e de vaidades lacerantes.
Há homens que levam toda a sua longa vida dando o exemplo constante da sua bondade e caridade, transmitindo às almas e aos espíritos uma aragem vigorizante de devoção, de carinho e de admiração.
Além doutros predicados, foi exemplar de coração forte e alma gigante resistindo a todos os embates da vida, sem que se lhe quebrantassem a vontade ou corrompessem o sentimento.
Foi um homem que correndo o mundo na sua faina incessante de ajudar indistintamente novos e velhos, ricos e pobres, bons e maus, coube-lhe agora a vez de participar esse repouso sem fim, para todo o sempre, que se chama simplesmente a eternidade.
Foi sempre capelão da igreja do Espírito Santo, desta vila, desempenhando o cargo sem qualquer remuneração, assim como foi durante muitos anos coadjutor dos párocos da freguesia de Salvador da Vila, tendo desempenhado também vários cargos nas confrarias locais, em que sempre demonstrou o maior zelo e exemplar desinteresse. No testamento que fez a favor de suas irmãs, deixou-lhes a casa e terrenos que possuía junto do Jardim Público (Jardim dos Centenários) para residência paroquial, sendo usufrutuárias destes legados até à morte, embora deixa-se outros bens a familiares da Casa das Pedrosas.
O seu funeral foi humilde, com um reduzido número de pessoas, porque o Padre José Pereira Rodrigues da Silva não foi um padre político, faccioso e perseguidor, como tantos, e porque não foi, apesar de ter legado ao Prelado da Diocese a sua propriedade do Terreiro com casa e quinta para residência do pároco da freguesia, não vimos que a massa católica, à parte poucas excepções, lhe prestassem a mais singela homenagem.